Quatro em cada dez pessoas ganharam peso durante a quarentena, diz pesquisa da UFMG

Numa pesquisa realizada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), consta que no Brasil, uma a cada dez pessoas engordaram durante a quarentena do combate ao Novo Coronavírus. O estudo foi feito com 1.470 cidadãos, que responderam a um questionário. Foi levado em conta o tempo de isolamento social, consumo de bebida alcoólica e atividade física e alimentação, além do IMC (Índice de Massa Corporal).

23% dos entrevistados afirmaram ter ganhado peso, enquanto 17% conseguiram emagrecer, 48,1% deles disseram ter vontade de comer algo, mesmo não estando com fome, 44% não mudaram os hábitos da alimentação. O médico cirurgião, Bruno Sander explica que “ as pessoas que sofrem ou já sofreram com estresse crônico já devem ter notado que, entre outras mudanças na saúde, o corpo passou a ganhar mais peso durante uma crise. Essa correlação entre estresse e ganho de peso existe sim, e tem a ver com a reação do corpo e da mente diante de situações difíceis”.

Para ele, uma das causas do aumento de peso está relacionada ao estresse. “Ele não causa apenas alterações no humor, mas também uma reação física, onde os hormônios noradrenalina, adrenalina e cortisol são liberados. O primeiro e o segundo mexem com o metabolismo e fazem o coração disparar, e o último, o cortisol, afeta o metabolismo da glicose e induz o desejo por alimentos ricos em gorduras e açúcar”, analisa.

O especialista ainda completa elucidando que “existem fatores psicológicos e emocionais. Em situações críticas, é comum procurar conforto e alívio no prazer de comer uma “confort food”, que muitas vezes consiste em algo calórico e de baixa qualidade nutricional. Buscar sentimentos positivos na comida de vez em quando não faz mal, mas em situações de estresse crônico, isso pode virar rotina e afetar o peso”.

Obesidade

Diferente do ganho de peso, a obesidade é algo mais complexo. De acordo com o Ministério da saúde, 20% da população brasileira enfrenta essa doença. “Os hábitos alimentares têm grande influência no aumento de peso. Com tempo reduzido para comer devido a rotina acelerada e o consequente aumento do consumo do fast food, recebemos uma bomba calórica em nosso organismo”, completa o cirurgião.

 

Ademais, Bruno ressalta que “essa aceleração da sociedade também contribui para a obesidade. A falta de um horário fixo para dormir, o aumento do estresse ocasionado pela rotina e o tempo no celular contribuem para a baixa qualidade do sono, que influencia diretamente no funcionamento do organismo em relação às gorduras”.

O médico traz também um alerta sobre as consequências que a obesidade pode trazer ao indivíduo: “traz riscos à saúde, colaborando para o aumento de doenças como diabetes e hipertensão. Por isso, é importante investir em uma mudança radical de hábitos para ter melhor qualidade de vida. A reeducação alimentar e a prática de exercícios físicos são etapas necessárias para perder peso. A orientação profissional durante esse processo ajuda o paciente a escolher a melhor estratégia que resultará na melhora da condição que ele se apresenta”.

Fonte: Bruno Sander Queiroz, médico cirurgião endoscopista, especialista em gastroenterologia, nutrologia e tratamentos de obesidade. É médico e diretor do Hospital Dia Sander Medical Center, em Belo Horizonte (www.sandermedicalcenter.com.br).


atualizado em 20/05/2021 - 18:28

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