Especialista faz alerta sobre o uso de tais substâncias e suas consequências em longo prazo para o organismo
De acordo com o Ministério da Saúde, a musculação é a segunda atividade física mais praticada no Brasil. Além de ser uma aliada para fortalecer a força e os músculos, um dos principais motivos desse sucesso está na busca pelos padrões estéticos mais comuns na sociedade. Se por um lado, o hábito realmente traz diversos benefícios, por outro existe uma crescente preocupação com as formas arriscadas de conquistar efeitos mais rápidos que o normal. Esse último quesito é um dos principais responsáveis pelo aumento do uso de anabolizantes.
Segundo um levantamento da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), em todo o Brasil, as pessoas estão aderindo cada vez mais ao uso dessas substâncias sem prescrição médica. Atualmente, um em cada 16 praticantes de musculação já utiliza esse tipo de produto. “É aí que mora o perigo. Os anabolizantes são feitos a partir de derivados de testosterona, um hormônio masculino também presente em menor quantidade na mulher. Para ambos os gêneros, esse hormônio em quantidade maior que o normal pode trazer diversas mudanças para o corpo. Em excesso, acaba aumentando o risco de diversas doenças”, alerta André Moreira, especialista em endocrinologia e tratamento da obesidade.
O médico ainda destaca outra hipótese que pode causar risco em longo prazo. “Além do prejuízo durante a utilização, depois que o indivíduo interrompe o uso dos anabolizantes, ele pode sofrer com a dificuldade do organismo em produzir o hormônio de forma natural, ou seja, ele lidará com o efeito contrário, quando nem mesmo a quantidade ideal é produzida pelo corpo, causando uma série de efeitos ruins, como o ganho de peso excessivo, dificuldade de engravidar para a mulher, desenvolvimento de mamas no homem, diminuição da quantidade de espermatozoides, entre outros”, comenta.
Portanto, o especialista ressalta que o melhor método é jamais iniciar o uso de anabolizantes, mas, caso o paciente já tenha utilizado em algum momento, é recomendado buscar um especialista para recuperar a saúde e tratar a ação hormonal adequadamente.
Obesidade
André, que é especialista em tratamentos para a obesidade, conta que um dos efeitos mais comuns após parar o uso das substâncias é exatamente o ganho de peso. “No início, os pacientes possuem a falsa sensação de benefícios por conseguirem aumentar a massa magra e reduzir o percentual de gordura enquanto aumentam a ação muscular. No entanto, no momento em que param de tomar, o corpo sofre com o efeito rebote, ou seja, problemas que antes não existiam ou estavam controlados pelo organismo, começam a se desenvolver. Sem a produção adequada de hormônios associados aos demais prejuízos que os anabolizantes causam, o paciente pode perceber cada vez mais o aumento de gordura até atingir graus maiores de sobrepeso e, por fim, a obesidade”, frisa.
Fonte: André Moreira, formado em medicina desde 2008 pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG, pós graduado em endocrinologia e tratamento da obesidade. @drandre.moreira.
Foto: Divulgação