Especialista explica como essa experiência pode influenciar todos os aspectos da vida

O Dia Nacional do Luto é um momento dedicado à reflexão e aos sentimentos de perda. No entanto, o momento merece ser lembrado todos dias, pois, além de mostrar que o luto é vivido de forma singular, a ocasião também possui como objetivo conscientizar a população sobre a importância de lidar com esse momento de forma pacífica e, caso a dor da perda se transforme em algo muito difícil, com reflexos para a qualidade de vida em longo prazo, buscar ajuda psicológica pode ser essencial.

Patrícia Castória Faria, que possui 12 anos de experiência em oncologia e, atualmente, atua  em cuidados paliativos, conta que o Brasil é um país que ainda tem muitos tabus ao falar sobre a morte e, consequentemente, dificuldade de lidar com o luto, de reconhecer e de enfrentar todo esse processo. “Quanto mais falarmos sobre o luto, acredito que esse silêncio pode ser quebrado, proporcionando alívio para os familiares, profissionais de saúde e também para o paciente – antes de sua morte”, acrescenta.

A especialista explica que o luto é um conjunto de reações a uma perda significativa, geralmente, pela morte de um outro ser. “O processo do luto pode se iniciar a partir do momento em que  é recebido um diagnóstico de uma doença fatal em que existe um vínculo com aquela pessoa. Portanto, podemos ver que o luto não é somente após a morte do ente querido, então existe muito o que ser trabalhado com todas as pessoas envolvidas no processo”, comenta.

No Brasil, mesmo com a diversidade de religiões, Patrícia destaca que ainda existe um conforto ao pensar em encontrar um momento de paz, mas lidar com o processo de morte em si, causa estranheza e resistência para diversas pessoas. “Aos meus olhos, é necessário a desmistificação do assunto em todas as religiões. Precisamos fazer com que todos enxerguem a necessidade de conversarmos, de falar sobre o luto, falar sobre a morte, evitando, assim, problemas relacionados à saúde mental”, relata.

Dicas

Patrícia ressalta que existem várias fases no processo de luto e cada uma merece ser vivida de acordo com seu momento. Tais fases são: “Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação”.

Para viver cada uma da forma considerada saudável, Patrícia indica que é necessário:

  • não ignorar o luto;
  • reconhecer que precisa de ajuda;
  • procurar não ficar sozinho, evite se isolar;
  • lembrar que o tempo não tem tempo, ou seja, podemos ter um Luto Tardio como também o Luto Antecipado;
  • Buscar terapia, procurar ajuda do profissional para auxiliar nesse momento, de preferência um psicólogo.

A especialista finaliza com uma mensagem importante. “Como disse Parkes em 1987: ‘o luto é o preço do amor, se esta fase existe é porque houve amor, vínculos estabelecidos, afeto, trocas e história de vida compartilhada’. O luto é de grande importância, é uma validação desse amor, dessa dor, é que algo deve ser curado, algo deve ser tratado e validado”.

Fonte: Patrícia Castoria Faria, 12 anos de experiência em oncologia e atualmente em cuidados paliativos. Voluntária do projeto Comunidade Compassiva, com atuação na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Atua, hoje, na coordenação do Serviço de Atenção Domiciliar de Governador Valadares e Representante da Câmara Técnica de Cuidados Paliativos do COREM-MG. Formada em Enfermagem em 2007, na UNIVALE. Especialista em oncologia e cuidados paliativos.


atualizado em 27/06/2022 - 11:43

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