Procedimento é recomendado para pacientes com sobrepeso e obesidade, não acontece por intervenção cirúrgica e pode ajudar na redução de até 30% do peso
Presente na vida de milhares de brasileiros, o balão gástrico emergiu como uma alternativa não cirúrgica para pessoas que procuram tratamento de perda de peso sem que sejam necessárias intervenções muito invasivas. Em um resumo rápido, o dispositivo é uma técnica eficaz que visa ocupar espaço no estômago, facilitando a redução da ingestão alimentar e, consequentemente, o emagrecimento.
O procedimento, indicado para pessoas com sobrepeso e obesidade desde o grau I à superobesidade, pode resultar em uma perda média de 20% do peso corporal com o balão de seis meses e 30% no de 12 meses. Todavia, a simples presença do balão não é suficiente para garantir o sucesso da perda de peso, sendo essencial tratar o mecanismo de ganho de peso, e isso é feito pela equipe multidisciplinar do IMO, que conta com nutrição, psicologia, endocrinologia e psiquiatria.
Ainda que o procedimento esteja cada vez mais comum, muitas dúvidas acerca de sua recomendação, eficácia, implantação e preço são recorrentes. O médico Leonardo Salles, cirurgião do aparelho digestivo, cirurgião bariátrico, cirurgião metabólico e presidente do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), detalha algumas dessas dúvidas acerca do método.
Como é realizada a colocação do balão intragástrico?
Trata-se de um procedimento bastante simples de ser realizado. Primeiro porque não é cirúrgico. Além disso, dura cerca de 30 minutos e é realizado sob sedação. O balão é inserido vazio através da boca e preenchido com uma solução salina dentro do estômago. Quando no estômago, a prótese, que é feita de silicone, ocupa o espaço do alimento e diminui a velocidade de passagem do alimento pelo estômago, permitindo que a pessoa submetida ao tratamento tenha mais saciedade, por um período muito maior, mesmo comendo muito pouco.
Em quais casos é indicada a colocação?
O balão gástrico é indicado para pacientes com qualquer nível de sobrepeso ou obesidade, pacientes que não conseguem perder peso com dieta e exercícios, especialmente aqueles que precisam perder peso rapidamente antes de uma cirurgia ou têm excesso de peso que pode afetar sua saúde ou qualidade de vida.
Qual a eficácia acerca do balão?
Quanto à eficácia, os pacientes podem perder entre 20% e 30% do peso corporal total em seis meses, alcançando até 30% em 12 meses, e com a adoção de hábitos saudáveis. No entanto, o procedimento não está isento de riscos, como náuseas, vômitos e desconforto abdominal, além de complicações menos comuns.
O balão intragástrico trata obesidade?
Esse é uma confusão muito comum entre os pacientes confundir emagrecimento com tratamento da obesidade, o balão é uma ferramenta de uma equipe multidisciplinar no tratamento da obesidade, enquanto o balão vai ajudar o paciente a perder peso, é a equipe multidisciplinar que vai ajudar o paciente a identificar e tratar seus mecanismos de ganho de peso, esse processo é fundamental para se tratar a patologia obesidade e não somente o sintoma peso. O tratamento do peso no tratamento da obesidade é motivacional, serve para ajudar o paciente na difícil tarefa de entender e tratar seus mecanismos de ganho de peso.
No geral, quantos quilos são possíveis perder?
A perda de peso varia de pessoa para pessoa, mas em média, os pacientes podem perder entre 20% com balão de 6 meses e 30% do seu peso corporal total no período de doze meses com o uso do balão intragástrico. Claro que o paciente também precisa fazer sua parte e fazer o tratamento multidisciplinar tanto para atingir quanto para manter a perda de peso.
Alguma reação negativa após colocação pode acontecer?
Sim a maioria dos pacientes vão passar por um período de adaptação de 3 à 5 dias com náuseas e vômitos. Porém, os riscos mais comuns incluem desconforto abdominal e refluxo esôfagico. Além disso, riscos menos comuns, como vazamento do balão, obstrução intestinal e perfuração gástrica. Além das contraindicações por esofagite grau III, hérnia de hiato grande, cirurgias gastricas ou esofagicas, entre outras condições específicas.
E se o balão estourar?
Não há nada a temer. Isso porque a solução salina com azul de methileno dentro dele é naturalmente absorvida pelo corpo. Resumindo, o balão é projetado com um indicador de cor na solução para alertar o paciente através da coloração da urina. Se o paciente fizer xixi numa tonalidade azulada, por exemplo, ele precisa procurar o médico para realizar um ultrassom para avaliar o balão e fazer a remoção ou mesmo a troca do balão caso esse ainda esteja no prazo de garantia. Mas sem se preocupar ambos são procedimentos simples.
Como o dispositivo é removido?
O processo de remoção, similar à colocação, é realizado após seis meses ou 1 ano conforme o balão o procedimento todo é feito por endoscopia onde se esvazia o balão e com uma pinça especial retira-se o balão. Todo o processo de internação, procedimento, ficar na recuperação anestésica e no quarto até a alta, leva cerca de 3 horas.
Existe alguma garantia de emagrecimento com o balão intragástrico?
Infelizmente, não há garantias de emagrecimento, pois outros fatores além do balão influenciam na perda de peso, como entender que o balão é parte de um tratamento maior, e sozinho não recomendamos seu uso, todo o acompanhamento multidisciplinar, nutrição, psicologia, endocrinologia, psicologia e atividades físicas são parte fundamental para se fazer um bom proveito do seu tratamento.
Quanto custa para colocar o balão intragástrico?
Essa não é uma pergunta com resposta clara porque o custo do balão intragástrico pode variar entre R$ 9.000 e R$ 14.000, dependendo da marca e do tipo do balão. Além dos custos excedentes à colocação, como exames pré-operatórios, consulta com nutricionista e outros cuidados pós-colocação.
SOBRE O ESPECIALISTA
Dr. Leonardo Salles é titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia do Aparelho Digestivo e vem se dedicando ao estudo do controle da obesidade há mais de 25 anos, sendo referência internacional no uso do balão intragástrico. É cirurgião bariátrico e cirurgião do aparelho digestivo, membro titular do CBCD, membro titular da SBCBM e da Sobracil, além de membro da Sobed. É pesquisador, com puclicações nos mais respeitados perióticos científicos da área, como a Revista científica americana Obesity Surgery, e de desenvolvedor do Kit de ajuste do balão intragástrico.
Presidente do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO) desde sua fundação, ao qual nasceu sob seus esforços, sinônimo de qualidade em tratamento da obesidade. A instituição, sob sua coordenação, possui uma equipe multidisciplinar, focada para adequado suporte ao processo de emagrecimento e tratamento da obesidade, contando com endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos e psiquiatras, enfermeiras, farmacêuticas.