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A data é comemorada no dia 28 de junho, mas o diretor da Diversifica, Leonardo Drummond, destaca as vantagens que as empresas têm em abraçar a diversidade de gênero o ano todo

Uma pesquisa realizada em 2019 pela empresa de consultoria de engajamento Santo Caos, com representantes de recursos humanos de 14 estados brasileiros, revelou que 33% das instituições têm restrições para contratar Lgbtqia+’s. No ano anterior, a empresa de consultoria norte-americana McKinsey realizou um levantamento sobre a performance financeira de mais de 1000 empresas, e constatou que as que apostavam em diversidade de gênero, tinham um lucro 15% superior às demais.

Para Leonardo Drummond, diretor da Diversifica, professor e pesquisador sobre Diversidade Étnico-Racial, Sexual e de Gênero, os ganhos da inclusão de gênero nas empresas vão além da receita. “A empresa que diante de um profissional capacitado, deixa de efetuar a contratação por conta da identidade de gênero do candidato perde muito. Corporações que se preocupam com uma equipe diversificada são mais bem-sucedidas porque contam com diferentes pontos de vista na tomada de decisões, ampliam o leque de talentos, e tem insights específicos sobre um determinado segmento de clientes”, afirma.

Um levantamento feito pelo LinkedIn revelou que 35% das pessoas LGBTQIAP+ já sofreram discriminação por parte de colegas de trabalho, por meio de piadas e comentários preconceituosos. Diante desse dado, Leonardo sugere que as empresas não deixem o dia 28 de junho passar em branco e invistam em alguma ação para trabalhar o tema, através de uma palestra ou de uma roda de conversa, por exemplo. “A gente precisa criar ambientes mais seguros nas organizações para que este perfil de colaborador se sinta seguro e integrado. Ter uma iniciativa para a data ajuda a evitar que o ambiente de trabalho se torne um lugar de opressão e preconceito. Parece simples, mas isso ajuda a mudar a cultura organizacional”, afirma.

Dentro do mercado de trabalho

A equidade nas organizações, porém, vai além de ações pontuais ou da contratação de um ou outro funcionário homossexual ou não binário, por exemplo. O diretor da Diversifica, acredita que a promoção da igualdade começa no processo seletivo. “Por isso é tão significativo quando algumas empresas abrem vagas específicas para minorias. Os trans ou travestis, por exemplo, costumam ter um histórico de sair de casa mais cedo, devido à não aceitação dos pais pela sua orientação. Assim, muitas oportunidades lhe são tiradas. Provavelmente, o currículo dessa pessoa estará em defasagem quando comparado com o de um homem branco, hétero e cis”, pontua.

Uma pesquisa realizada pela multinacional Accenture de consultoria de gestão, revelou em 2020 que apenas 31% dos colaboradores LGBTQIAP+ falam abertamente de sua orientação afetivo-sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho. “Esses colaboradores acabam não falando sobre suas vidas pessoais no trabalho para não se revelarem Lgbtqiap+’s. Omitir a vida pessoal dessa forma inibe vínculos, conexões e não gera proximidade do funcionário com o ambiente de trabalho”, considera Leonardo.

Levantar a bandeira LGBTQIA+ nas instituições envolve não só a contratação, mas a retenção e o desenvolvimento do indivíduo dentro da empresa. “Não basta assinar a carteira de trabalho dessas pessoas, é preciso acolhê-las e saber como se sentem. Isso perpassa por exemplo, a criação de ambientes neutros, como banheiros unissex. É sobre respeitar as diferenças, desenvolver estímulos, possibilitar que elas cresçam e atinjam cargos de liderança, assim, estarão incentivando seus semelhantes”, conclui.


atualizado em 28/06/2022 - 18:23

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